domingo, 28 de agosto de 2011

Se eu pudesse sonhar sem limites.

Para ele, seu aniversário era a data de maior alegria do ano. Nem o Natal, a Páscoa ou o Dia das Crianças era tão feliz quanto este dia.
Nada de surpreendente para alguém que escutasse isso, afinal, era a data que ele havia começado a viver. Será?
Quais eram os reais motivos para que ele gostasse tanto desse dia?

Todos os anos, nesta ocasião, ele não era acordado com gritos de brigas, como de praxe. Ele pensava que, naquela velha e feia casa, todos saíam de suas rotinas medíocres brigando. Ele entendia isso como uma necessidade, não um problema.
Neste dia, também, ele não precisava ir cedo ao mercado trazer pesadas sacolas com itens que alimentariam sua grande família.
Estava isento de ser culpado por todas as infelicidades que aconteciam naquele recinto.
Não precisaria ser humilhado por não se comportar como os demais garotos - tão engraçados e cheios de vida.
Tinha o direito, pelo menos uma vez ao ano, de escolher o que iria almoçar. Escolher o que iria vestir. Escolher do que iria brincar. Tinha o direito de escolher.
Ir à escola era dispensável. O dia era só dele. Poderia assistir televisão e fingir que tinha uma vida incrível. Talvez imaginasse como seria legal brincar com muitos amigos, assim como os personagens de seus desenhos favoritos.
Talvez poderia, uma vez ao ano, imaginar como seria seu futuro em uma linda casa, com um lindo carro, ao lado de uma linda esposa, lindos filhos e um lindo cachorro.

Que dia incrível!

Hoje ele pode ser qualquer herói. Conhecer qualquer lugar. Fazer parte de qualquer família. Ter qualquer coisa...


Vejam-só. já é meia-noite. Agora vá escovar os dentes e dormir, o dia já acabou.

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