Reconstruindo o jardim
Após um semestre recheado de muito Ebó, finalmente me sinto livre desta praga da minha vida.
Então, cá estou eu de volta, para escrever para duas pessoas que provavelmente leem isso.
Na verdade, as pessoas não se interessam por blogs. É meio irônico pois, mesmo gostando de saber a vida dos outros, ver bafões de famosos no 'Ego' parece ser mais interessante.
Anyway, vamos reconstruir esse jardim.
Após pisotearem, ferirem e arrancarem todas as flores, ainda quiseram me asfaltar para que nunca mais nascesse nada.
"Tudo bem" - disse no início - "Pra que eu vou querer essa porcaria mesmo?"
Então comecei a tentar viver asfaltado. Preso, petrificado no concreto ao qual me prenderam. No começo até gostei, não nego. Não precisava me mover para ajudar ninguém, e tampouco precisaria de ajuda para algo. Bem, assim pensei que vivi.
Com o tempo, vi que enquanto todos corriam, sorriam e brincavam, eu tentava pular junto com eles em vão. Me esqueci que havia me acorrentado e engolido a chave.
Então, aos poucos, comecei a escapar da minha própria armadilha. Primeiro um braço, depois outro. Uma perna, outra. Uma ideia, e muitas outras. Comecei a atacar o peso que deitava sobre mim.
A cada dia, plantava uma nova semente na negra terra que ainda havia me sobrado. Enterrava fundo, com medo de que alguém descobrisse e as levassem de mim. Posteriormente, as reguei com um líquido etéreo que ganhei de presente quando criança, porém, ainda sem meu regador. Protegi todo o meu trabalho com esforço. Se fosse preciso, não dormia. Tudo para que meu jardim voltasse a ser o que era antes.
Finalmente, hoje vejo que tudo deu certo. Tudo voltou: as cores, os perfumes, as formas...
Mas continuo procurando meu regador.
Muitos passaram e levaram consigo uma de minhas rosas, outros preferiram as orquídeas. Alguns se empolgaram tanto que levaram fartos ramalhetes, mas nada preocupante. Logo tudo murchará em suas mãos, e eu continuarei semeando.
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